Consumo

26/03/2024 00:01h

Eletrodomésticos mais eficientes e modernos ajudam a diminuir as despesas dentro de casa, mas pequenas mudanças de hábito também ajudam a economizar. Saiba como calcular o gasto de cada aparelho na conta de luz

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Numa casa onde se tomam 10 banhos por dia, é difícil economizar na conta de energia. E essa fatura é uma das que pesam no fim do mês na casa da cabeleireira Vanessa Gonçalves, de Brasília. Ela mora com o marido e três filhos e gasta, em média, R$ 600 por mês de luz. Apesar de tanto chuveiro ligado, ela encontrou mais uma “vilã” a culpar.

“A culpa é da máquina de lavar – lava e seca –, que fica 24 horas ligada. Somos cinco pessoas e temos muita roupa para lavar todos os dias”. 

O custo da energia, de fato, impacta na vida do consumidor brasileiro. Um dos fatores, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), é a temperatura acima da média — que impulsionou o crescimento do consumo de energia no país no mês de janeiro de 2024. Com mais aparelhos de ar-condicionado e ventiladores ligados, o consumo de energia no país cresceu 6,6% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Diante desse cenário, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) recomenda aos brasileiros ficar atentos à eficiência energética dos eletrodomésticos, como ventiladores, lavadoras de roupa, geladeiras, freezers e televisores. Os aparelhos eficientes são aqueles, segundo o Instituto, que usam “menos energia para realizar a mesma tarefa ou produzir o mesmo resultado”.

A coordenadora do Programa de Energia do Idec, Renata Albuquerque, ressalta que a escolha dos equipamentos é fundamental para reduzir o consumo e minimizar o impacto do alto custo da conta de energia no orçamento.

“A economia começa por aí. Sempre que possível, é importante que a pessoa opte pelos modelos com melhores índices de eficiência energética. Esses modelos são indicados com a nota A do programa de etiquetagem do Inmetro. É uma etiqueta bem familiar aos olhos dos brasileiros. Justamente por usar menos energia, o preço desses produtos acaba sendo compensado em pouco tempo”.

A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) ajuda o consumidor a comparar os aparelhos que consomem menos eletricidade para funcionar. Essa etiqueta apresenta informações importantes como a escala de eficiência energética e o consumo de energia mensal.

Geladeira, a campeã de consumo

Eletrodomésticos que produzem frio ou calor costumam ser os que mais consomem energia elétrica dentro de casa. Aparelhos de ar-condicionado, geladeira, ferro de passar roupa, chuveiro elétrico e sanduicheiras. Segundo o Idec, dependendo do perfil de consumo de cada residência, as geladeiras podem ser responsáveis por cerca de 30% do consumo doméstico.

“O consumo da geladeira varia de acordo com o tamanho e a eficiência do equipamento, mas a forma como o eletrodoméstico é usado no dia a dia também influencia no gasto no fim do mês. Pequenas mudanças e hábitos fazem a diferença no fim das contas”, explica a coordenadora do Idec, Renata Albuquerque.

O Idec lista medidas que podem ajudar a economizar energia dentro de casa.  Com as geladeiras, a orientação é ficar atento na hora da instalação e consultar o manual do aparelho, respeitando as distâncias indicadas das paredes ou móveis. Não é recomendável colocar o eletrodoméstico ao lado do fogão ou de outras fontes de calor, como fornos elétricos. O termostato (sistema que regula a temperatura da geladeira) deve ser ajustado para não deixar a temperatura interna a mais baixa possível, garantindo a refrigeração adequada dos alimentos com segurança e menor gasto de energia. Caso o aparelho não tenha a tecnologia frost free, é preciso limpar com frequência para evitar a formação de gelo.

“No caso da cozinha, prestar atenção na sua geladeira: evite abrir as portas desnecessariamente. Nunca guarde alimentos quentes. Ajuste a temperatura para garantir que os alimentos vão ter a refrigeração adequada”, ressalta Renata Albuquerque. 

Para os aparelhos de ar-condicionado, é preciso avaliar a potência adequada ao tamanho do ambiente onde será instalado. O instituto aconselha ainda os aparelhos com a tecnologia inverter – que consome menos energia e mantém a temperatura estável – e com a nota A do Inmetro. No dia a dia, o Idec recomenda manter portas e janelas fechadas durante o uso, com temperaturas entre 23 e 24 ºC, e a limpeza do filtro do aparelho com regularidade.

Já no uso de lâmpadas, o recomendável é optar pelas LED – elas têm a tecnologia mais econômica para iluminação disponível. Sempre apagar as luzes ao sair de um cômodo. Outra medida é pintar os ambientes com cores claras, para que possam ser iluminados com lâmpadas de baixa potência.

Para quem não tem nos planos trocar os eletrodomésticos que já possui, é preciso estar atento à manutenção. 

Como mensurar o gasto

É possível fazer o cálculo de quanto cada aparelho consome na sua conta de luz. A coordenadora do Idec Renata Albuquerque explica como. 

“Para isso, é preciso multiplicar a potência do seu aparelho pelo tempo que ficou ligado consumindo energia e, depois, multiplicar pelo preço cobrado por kilowatts/hora e você terá o valor que foi gasto para cada equipamento”. 

Se fizer essa conta cada vez que usar o equipamento, será possível compreender o quanto esse eletrodoméstico está pesando na sua conta de luz. 

Consumo de energia

Em 2023, o Brasil consumiu 69.363 megawatts médios de energia elétrica. A quantidade representa um aumento de 3,7% em relação a 2022. Os dados constam em estudo da CCEE. O resultado foi influenciado, entre outros fatores, pelas ondas de calor registradas no país no segundo semestre do ano passado, e pelo “bom desempenho de alguns setores da economia.”

E o aumento no consumo de energia repercute na economia brasileira. O presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, explica que o impacto não vem apenas quando o consumidor paga a conta de luz. O custo da energia acaba sendo repassado no preço dos produtos e serviços contratados. 

“No pão, na carne, a participação do custo da energia é superior a 30%. Quando aumenta a conta de luz, aumenta o custo da energia, todos os bens que compramos e todos os serviços que contratamos, impactando nos índices de inflação no país”, afirma Luiz Eduardo Barata.

O presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia alerta ainda para o fato de que, ainda que o consumidor economize, a conta de luz dos brasileiros é uma das mais caras do mundo.

“Isso se deve, principalmente, aos encargos adicionados ao custo da energia, da transmissão e da distribuição, fazendo com que a vida do consumidor tenha uma participação para energia elétrica superior a 20%. Isso faz com que muitas famílias tenham que deixar de consumir para poder pagar a conta de luz. Faz com que uma parcela grande da sociedade atrase o pagamento”, destaca. 

De acordo com a Frente, 40% do custo da energia elétrica no país são tributos, encargos e perdas. A entidade apresentou um pacote com 10 prioridades ao Ministério de Minas e Energia com objetivo de reduzir a conta do consumidor. Iniciar uma reforma do setor elétrico e reavaliar os subsídios existentes na tarifa cobrados do consumidor estão entre as medidas. 
 

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30/12/2023 18:00h

O consumo histórico foi registrado em novembro — mais de 70 mil MW. Enquanto isso a expansão da produção energética em 2023 foi de 8,4 GW

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O ano de 2023 bateu recordes quando o assunto é energia, tanto no consumo, quanto na produção. Vários fatores — entre eles o calor intenso dos meses de setembro a novembro — fizeram com que o consumo energético disparasse. Mas a produção, sobretudo de energia limpa e renovável, não ficou para trás. Este ano, o Brasil expandiu em 8,4 gigawatts (GW) a capacidade instalada de energia. Na prática, um adicional capaz de abastecer mais de 4 milhões de residências. 

Juntas, as usinas eólicas e solares representaram 90,4% do crescimento e os estados que tiveram maior participação nessa expansão foram Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Bahia. As usinas fotovoltaicas e eólicas também contribuíram para esse aumento e somaram 7,6 GW de expansão.

Calor histórico gera novo recorde de consumo de energia

O gerente de Análises e Informações ao Mercado da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Ricardo Gedra, explica que o aumento no consumo vem sendo acompanhado por um aumento na produção de energia. 

“Isso não representa nenhum problema de abastecimento para o país que estão com os reservatórios das hidrelétricas bem supridos e com muitas usinas eólicas e solares já em construção para atender a demanda do nosso país.”

Calorão foi um dos responsáveis pelo aumento do consumo

Segundo a CCEE, os meses que registraram o maior aumento de consumo de energia, foram justamente os mais quentes de 2023 — setembro e novembro — com altas de 7,6% e 11,4% respectivamente. 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), setembro de 2023 foi o mais quente em 60 anos, com temperaturas passando dos 30ºC em praticamente todo o país. Com isso, o uso de aparelhos ventiladores e de ar-condicionado aumentou e o consumo de energia também. 

Para os próximos meses de verão o calor continua, como explica a meteorologia do Inmet Dayse Moraes. Mas segundo ela, as chuvas típicas da estação aliviam um pouco as altas temperaturas. 

“A gente tem esse aquecimento e as temperaturas elevadas, mas tem as chuvas, que são características dessa estação. Elas vem acompanhadas de raios, rajadas de vento, por conta do aquecimento e da alta umidade, no período da noite, temos as pancadas de chuva. E com a chuva, em alguns pontos mais intensos, tem a redução da temperatura.” 

Para janeiro, a previsão é de um mês típico: com calor e sol durante o dia e pancadas de chuva e vento na parte da tarde e da noite. 

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27/12/2023 00:02h

Com uso intenso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado nas residências e empresas, aumento chegou a 11,4% em novembro, segundo Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)

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O recorde histórico de calor batido em novembro passado fez o consumo de energia elétrica disparar em todo o país. O aumento foi de 11,4% em relação ao mesmo mês de 2022, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Tudo isso graças ao aumento do uso de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores. 

A advogada Maria Alice Coutinho, que mora em Independência, no Ceará, cansou de sentir calor e comprou o aparelho de ar-condicionado. Já no primeiro mês viu a conta mais que dobrar. O valor passou de R$ 100 para R$ 250 por mês. “Eu costumo ligar o aparelho entre 23h e 6h da manhã, mesmo assim senti o impacto na conta.” 

Maria Alice faz parte dos consumidores do chamado mercado regulado, que inclui residências e pequenas empresas que contratam eletricidade diretamente das distribuidoras. Nesse segmento, o aumento chegou a 15,2% no comparativo anual.

O engenheiro elétrico Guilherme Barcellos explica que “a própria onda de calor pode explicar o aumento do consumo, uma vez que, com o maior calor, a tendência é dos equipamentos de ar-condicionado e refrigeração funcionarem por mais tempo e em potência máxima por um período maior”.

Além disso, o uso mais intenso dos equipamentos exige que a manutenção seja mais frequente e, caso ela não seja feita, a eficiência pode diminuir e a tendência é que esses aparelhos consumam mais energia, explica o engenheiro.

Última semana de 2023 será marcada por bastante chuva em grande parte do país

Setores da economia que mais consumiram 

Os setores de serviços e comércio foram os que mais tiveram aumento no consumo em novembro, 16,2% e 14,1% respectivamente. São ramos que, além do impacto da temperatura, com a necessidade de um uso mais intenso de equipamentos de refrigeração em shoppings, hotéis e supermercados, também usaram mais energia para garantir estoque para as festas de fim de ano.

Por conta disso, todos os estados do país aumentaram o consumo de eletricidade em novembro com relação ao ano passado. No Espírito Santo, essa alta do consumo de energia chegou a 28,4%. Em seguida, vem Mato Grosso (28%), Maranhão (22,9%), Acre (19,3%) e Rio de Janeiro (19,2%).

Dicas para aliviar o bolso

O engenheiro Guilherme Barcellos explica que a escolha do equipamento é um dos principais fatores para se conseguir equilibrar o consumo de energia. 

“O ideal é sempre buscar por equipamentos com a tecnologia inverter e que tenham classificação de consumo do Procel — aquela etiqueta que vem no equipamento – A ou superior. Além disso, é importante manter a manutenção em dia, equipamentos do tipo split Hi-Wall, comuns em residências e lojas comerciais, tipicamente precisam de uma limpeza realizada por profissional capacitado anual além da limpeza de filtros que pode ser feita pelo usuário.”

Barcellos ainda explica que a limpeza anual é fundamental para que o equipamento funcione em sua máxima eficiência e consuma menos energia. Outra dica importante é com relação a temperatura, que deve ser confortável para o ambiente — ela deve ficar entre 22ºC e 24°C. “Configurar o equipamento para temperaturas mais baixas não vai fazer com que o ambiente gele mais rápido. Além disso, vai fazer com que o equipamento trabalhe em potência máxima por mais tempo e, consequentemente, consuma muito mais energia, sem necessidade.”
 

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14/09/2023 20:20h

Volume de compras por internet quase triplica em 3 anos; especialistas mostram pontos negativos e positivos do e-commerce, que tende a fechar empresas com exceção dos supermercados

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Apenas os supermercados deverão sobreviver diante da preferência cada vez maior do consumidor brasileiro por fazer compras pela internet. A tendência de comprar através de plataformas virtuais veio para ficar e pode decretar a falência da maioria dos comércios do país, com exceção dos supermercados e hipermercados. Esta é a opinião de especialistas ouvidos pelo Brasil 61, que analisaram o cenário revelado por pesquisas e levantamentos, divulgados desde o período da pandemia. Os números demonstram que o Brasil quase triplicou as vendas eletrônicas, ao mesmo tempo em que hoje é o segundo no planeta onde a preferência do consumidor é usar o e-commerce.

Os números demonstram que o Brasil quase triplicou as vendas eletrônicas, ao mesmo tempo em que hoje é o segundo país no planeta onde a preferência do consumidor é fazer compras pela internet. De 2019 a 2022, o valor de bens e serviços comercializados no Brasil pela internet totalizou R$ 450 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O valor é mais que o dobro do triênio anterior  — entre 2016 e 2019  —, quando o montante de bens e serviços contratados através de plataformas virtuais foi de R$ 178,07 bilhões. 

Outro dado que demonstra o crescimento do setor vem da YouGov Global Profiles, multinacional especializada em pesquisa de mercado on-line. Segundo ela, cerca de 55,1% dos adultos no Brasil preferem comprar pela internet, em vez de optarem por lojas físicas. A porcentagem revelada pela pesquisa da YouGov está muito acima da média geral da América Latina, que é de apenas 35,1%. 

A pesquisa da YouGov abrange 48 países consumidores. A preferência dos brasileiros também se destaca no cenário global: em média, 40,1% dos entrevistados em todo o planeta dizem preferir fazer compras on-line — um número estatisticamente inferior ao do Brasil, que em comparação a outros países só perde para a China (maior mercado consumidor do mundo, devido ao excepcional número de habitantes do país asiático).

Para André César, cientista político especializado em economia, o volume do e-commerce brasileiro tende a crescer cada vez mais; “Esta é uma situação quase inevitável, devido à evolução tecnológica. É algo que se adequa ao dia a dia, cada vez mais corrido, cada vez mais puxado, cada vez com menos tempo", afirmou, para acrescentar: “Eu não vou sair para comprar um tênis: eu vejo o número, vejo o modelo, vou lá com o conforto de não ter que sair de casa”. 

Por outro lado, o especialista alertou para o lado negativo do crescimento inevitável do mercado eletrônico. “Aparentemente, essa modalidade reduz empregos. Ela fecha  aquele comerciozinho simpático do lado do seu bairro, diminui força de trabalho. E aí é um problema, que você tem que repensar, onde realocar esse pessoal”, afirmou.

Aumento da concorrência

Na visão do professor universitário Renan Silva, que leciona Economia no Ibmec Brasília, o principal ponto positivo provocado pelo crescimento das compras online é o aumento da concorrência. “As plataformas são abertas e globais  — e isso aumenta a base de comparação. Então, o consumidor, nesse ponto, é beneficiado na medida que tem uma maior concorrência, tanto em termos de qualidade de produto, como em termos de preço”, destacou. 

Outra grande vantagem, segundo ele, diz respeito às vantagens competitivas com relação ao preço, pelo motivo de as empresas do mercado eletrônico não terem as mesmas despesas das lojas físicas e também por disporem de uma logística otimizada, permitindo que o produto chegue com preço mais baixo na casa do consumidor.

“Essa tendência é tão forte que a gente até nota que muitos consumidores, por exemplo, hoje, vão passear nas lojas físicas, no shopping, com uma intenção de buscar entretenimento, experimentam produtos, verificam e, depois, ao chegar em casa, compram na plataforma, porque o custo da mercadoria realmente é mais baixo quando comprado nas plataformas de varejo”, observou o especialista. 

Supermercado é exceção

Por outro lado, Renan Silva concorda com o raciocínio de André César, a respeito da ruptura e da tendência de fecharem as portas de lojas e estabelecimentos comerciais tradicionais. De acordo com o economista, as grandes varejistas vêm enfrentando um considerável aperto financeiro, devido à concorrência, causada pelo novo comportamento do consumidor. 

“Eu poderia acrescentar que é uma tendência, isso não deve mudar, ao contrário, [as compras pela internet] deve ser um mercado que vai se consolidar, o consumidor vai ser privilegiado nesse ponto, que ele vai ter base comparativa global e de fato realmente haverá uma ruptura de mercado no varejo”, afirmou o professor. “À exceção dos supermercados e hipermercados, que deverão ter uma sobrevida ainda por um bom tempo”, diferenciou.

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Economia
21/08/2023 15:05h

Setor registrou avanço de 3% no trimestre encerrado no mesmo mês

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O consumo de bens industriais cresceu 1,7% em junho, em comparação a maio de 2023. 

Com este resultado, o setor registrou avanço de 3% no trimestre entre abril e junho. 

O consumo de bens industriais é definido como a parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno, acrescida das importações. 

Entre os componentes do consumo de bens industriais, a produção interna destinada ao mercado nacional (bens nacionais) avançou 2,1% em junho e as importações de bens industriais tiveram alta de 1,2% no mês. 

Porém, em comparação a 2022, ocorreram recuos neste indicador mensal e no trimestre móvel. 

A demanda por bens industriais retrocedeu no acumulado em doze meses até junho, o que aponta para um cenário de estagnação. 

Com relação às altas observadas no mês, o segmento da indústria extrativa foi aquele que mais teve ganhos positivos. A indústria de transformação também observou leve alta, de 0,7%. 

Houve aumento da demanda por bens intermediários e por bens de capital, em 1,2% e 0,3%, respectivamente. 

A única queda ocorreu com bens de consumo duráveis, que recuou 6,3%. 

Já os principais avanços na indústria de transformação ocorreram com os segmentos vestuário, produtos de madeira e metalurgia. 

No trimestre móvel, o destaque ocorre para o consumo aparente de metalurgia (7%) e derivados de petróleo e de biocombustíveis (6,6%).

Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA. 
 

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24/05/2023 03:45h

Desafio é manter taxa de crescimento nos demais trimestres do ano

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O Monitor do PIB-FGV aponta crescimento de 1,6% na atividade econômica no primeiro trimestre de 2023, em relação ao quarto trimestre de 2022. Em relação há um ano, o crescimento da economia no primeiro trimestre foi de 2,6%. Há maior crescimento também comparado a março de 2023, em 1,8%, e a fevereiro, em 4,5%. 
Este é o maior crescimento trimestral ocorrido desde o primeiro trimestre de 2022. 

O expressivo desempenho da agropecuária, em 10,9%, contribuiu para o crescimento da economia em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Além da agropecuária, destaca-se o setor de serviços que contribui para impulsionar a economia, com crescimento em praticamente todas as suas atividades.

Na agricultura, a soja foi a principal componente de crescimento da categoria. Porém, grande parte da produção de soja acontece no primeiro trimestre do ano, o que pode ser um indicativo de possível desafio para manutenção de igual produtividade agrícola ao longo do ano. Este desafio se estende também para o crescimento da economia como um todo, não raro ancorada na produção agropecuária.    

O consumo das famílias também cresceu no primeiro trimestre, em 4,7%. Além dela, a formação bruta de capital fixo, compreendida como investimento real na economia, cresceu 0,2% no período. Porém, este crescimento é considerado fraco e se deve à retração de 3,4% da componente de máquinas e equipamentos, já que outros setores da formação bruta de capital fixo cresceram, como o de construção. 

A taxa de investimento, como pode ser compreendida a razão entre Formação Bruta de Capital Fixo e Produto Interno Bruto, foi considerada abaixo da taxa média de investimento desde os anos 2000, a qual se encontra no patamar de 18%. No primeiro trimestre de 2023, a taxa de investimentos na economia foi de 15,7%. 

Já as exportações de bens e serviços cresceram 5,7%, bastante impulsionadas pelos produtos de extrativa mineral e de serviços. As importações, após 8 meses de crescimento, retraíram em 2,1%, devido, principalmente, à queda de produtos agropecuários. 

Os dados acima são provenientes do Monitor do PIB-FGV e antecedem, mensalmente, os resultados oficiais das chamadas Contas Nacionais Trimestrais divulgadas pelo IBGE. O monitor estima variáveis que compõem o PIB brasileiro, em volume e em valor. 

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07/03/2023 15:50h

Apesar do crescimento, o setor registrou recuo de 1,7% no últimos trimestre do ano passado

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O consumo aparente de bens industriais registrou alta de 3,5% no último mês do ano passado na comparação com novembro, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Apesar do crescimento em dezembro, ainda assim os dados indicam que houve recuo de 1,7% na margem do quarto trimestre de 2022. Além disso, os números mostram queda de 0,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. 

O Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais — definido como a parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno, acrescida das importações — mostra que a produção interna destinada ao mercado nacional cresceu 2,8% em dezembro e as importações de bens industriais avançaram 7,4%. 

Segundo o Ipea, o segmento com o melhor resultado foi o de bens intermediários — produtos manufaturados utilizados como matéria-prima — que avançou 3,3% em relação a novembro. O economista César Bergo afirma que um dos fatores que explicam o cenário é o impacto das taxas de juros no consumo de bens duráveis — como automóveis e eletrodomésticos, por exemplo. 

“As pessoas realmente estão tendo dificuldades de adquirir bens duráveis e acaba tendo um impacto muito grande. Outro fator é o setor extrativo mineral em função das exportações dos derivados de petróleo. Então o Brasil em dezembro teve um desempenho muito bom, mas infelizmente, em função dos meses anteriores, sobretudo do último trimestre, que leva em consideração outubro e novembro também, o desempenho da indústria não foi positivo”, afirma.

Todos os segmentos das grandes categorias econômicas apresentaram crescimento na margem, com exceção da demanda por bens de consumo duráveis, que registrou queda de 1%. De acordo com o levantamento, a análise das classes de produção aponta avanço de 3,2% na demanda interna por bens da indústria de transformação em relação ao mês anterior. Já o crescimento do setor extrativo mineral foi de 5,1% na margem. 

No entanto, apesar dos números positivos registrados em dezembro, César Bergo destaca que o ano de 2023 ainda deve apresentar dificuldades para o setor industrial. O economista aponta as elevadas taxas de juros e a inflação como as principais vilãs para o crescimento da produção industrial. 

“Tem ainda uma inflação relativamente alta e o que pesa mais é justamente essa taxa de juros elevada que vai ter um impacto direto durante todo o ano de 2023 em função da manutenção do patamar elevado”, destaca. 

Medidas para alavancar a indústria

Estão em tramitação no Congresso Nacional projetos para impulsionar a indústria brasileira, como a reforma tributária, apontada como uma das principais necessidades do setor. A PEC 110 e a PEC 45, ambas de 2019, são as mais avançadas. 

O deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA) aponta que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não apresentou políticas públicas capazes de impulsionar a produtividade industrial no país. Ele afirma que o eventual retorno da cobrança de impostos federais pode gerar aumento na inflação e no desemprego, além de prejudicar a confiança do mercado. 

“Precisamos ter políticas públicas bem claras, o que ainda não está acontecendo para o setor industrial, principalmente. Não temos ainda uma postura do governo em cima de uma política industrial realmente que possa alavancar a nossa indústria local. O que precisamos fazer é continuar o pensamento de diminuir impostos; diminuir cobranças; diminuir principalmente encargos em cima de folha de pagamento, em cima de bens essenciais para incentivar o investidor nacional, a indústria nacional. Voltar a comprar equipamentos, voltar a gerar emprego e renda”, pontua o deputado. 
 

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02/03/2023 16:57h

Setor de serviços, indústria e consumo das famílias impulsionan aumento do PIB, segundo o IBGE. Economista prevê crescimento menor em 2023

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O Produto Interno Bruto (PIB) encerrou 2022 com alta de 2,9%, o que corresponde a um total de R$ 9,9 trilhões. O crescimento foi alavancado pelo bom desempenho do setor de serviços e da indústria, que cresceram 4,2% e 1,6%, respectivamente. Por outro lado, a agropecuária apresentou queda de 1,7% puxada pelo principal produto da lavoura brasileira, a soja. Apesar da alta no acumulado, no quarto trimestre do ano houve variação negativa de 0,2%. 

Os dados são do Sistema de Contas Nacionais, divulgados nesta quinta-feira (2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, também contribuíram de forma significativa com o crescimento registrado o consumo das famílias (4,3%) e as exportações de bens e serviços (5,5%). A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explica o que impulsionou o consumo no último ano.  

“Olhando pela ótica da demanda, o grande destaque foi o consumo das famílias que cresceu 4,3% no ano, beneficiado pela melhora nas condições de trabalho, no mercado de trabalho, pelo aumento do crédito, pelas desonerações fiscais e também pelos auxílios governamentais às famílias, apesar  dos juros altos”, afirma. 

O que é o Produto Interno Bruto, o PIB, do país?
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O economista Renan Gomes afirma que a alta de 2022 ainda é resultado das medidas adotadas para recuperação da economia após a pandemia, como a redução de tributos e o aumento nos programas de transferência de renda.  De acordo com o especialista, a expectativa para 2023 é de queda no crescimento do PIB. Ele ressalta a importância da aprovação da reforma tributária. 
 
“Embora ainda estejamos em um momento positivo do ciclo, com mais geração de empregos, a expectativa é que o crescimento diminua já em 2023, que naturalmente deve voltar para aquela taxa de crescimento esperada, que está abaixo de 2% no ano. Acho que a melhor estratégia que o governo pode adotar, pensando em um crescimento no futuro, é avançar com a reforma tributária, criando um ambiente tributário mais civilizado”, pontua Renan Gomes. 

A projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) é de que o PIB brasileiro cresça 1,2% este ano. 

Setor de Serviços
De acordo com o IBGE, todas as atividades do setor de serviços apresentaram crescimento. O destaque foi o segmento denominado “outras atividades de serviços” (11,1%). 

Também tiveram bom desempenho: transporte, armazenagem e correio (8,4%), Informação e comunicação (5,4%); atividades imobiliárias (2,5%); administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade sociais (1,5%); comércio (0,8%); e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,4%).

Indústria 
A indústria apresentou resultado positivo em 2022, com destaque para o desempenho da eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos (10,1%). Outro segmento que também apresentou bons números foi o da construção (6,9%). Por outro lado, as indústrias de Transformação tiveram resultados negativos de 0,3%. Já as indústrias extrativas caíram 1,7%.
 

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08/02/2023 17:35h

Consumidores de menor renda estão com mais disposição para gastar, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

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A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), começou 2023 com um crescimento de 1,3% em janeiro na comparação com dezembro, levando o índice aos 93,6 pontos, maior nível desde abril de 2020. Em relação a janeiro de 2022, a alta foi de 23,1%.

De acordo com o levantamento, consumidores com renda de até dez salários mínimos estão com mais disposição para gastar, subindo 1,9% na intenção de consumo em relação a dezembro e 25,7% na variação anual.

A CNC aponta que esses consumidores acreditam que as condições de consumo vão melhorar nos próximos meses. Um dos motivos do otimismo é a ampliação do programa de transferência de renda do governo, com o pagamento mínimo de R$ 600 e incremento de R$ 150 por criança até seis anos, o que traz mais recursos  para o orçamento dessas famílias.

Segundo Felipe Queiroz, economista e pesquisador, o governo também tem adotado outras medidas em paralelo, para acabar com problemas relacionados às dívidas, especialmente para famílias de menor renda. “Tira essas famílias de listas como do SPC e do Serasa, e possibilita que elas voltem a consumir, retomando o ciclo formal de crédito. Então é um fator muito positivo e isso se reflete consequentemente nas pesquisas de intenção”, explica. 

Sete em cada dez dívidas de consumidores foram pagas no setor de bancos e cartões, aponta pesquisa

Queiroz também destaca que o aumento real da renda no último ano tem beneficiado as famílias que recebem menos. Em 2022, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro aumentou o Auxílio Brasil para R$ 600,00. “Todo o potencial de consumo que é direcionado às famílias que recebem até três salários mínimos, a tendência a ser convertida em consumo é muito alta”, afirma. 

Por outro lado, as famílias de maior renda começaram 2023 mais frustradas com a conjuntura econômica e menos dispostas a gastar: a intenção de consumo caiu 1% entre elas. Segundo a pesquisa, “os consumidores desse grupo estão menos satisfeitos com o nível de consumo atual, pois estão pagando mais caro pelos serviços em geral, também estão mais descontentes com a perspectiva profissional e com o acesso ao crédito, que está mais caro e seleto”.

A proporção de endividados em 2023 cresce mais nesse grupo, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (Peic) de 2022, também realizada pela CNC. 

Inflação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 2022 foi de 5,8%, enquanto em 2021 o índice havia registrado alta de 10,4%. O economista explica que o núcleo da inflação está controlado, mas, por outro lado, a taxa de juros é elevada. “Então as famílias de renda  alta tendem a controlar o consumo e priorizar a reserva de capital. Há uma tendência de as de menor renda priorizarem o consumo e aquelas de maior renda protegerem seu patrimônio”, afirma. 

Uma das expectativas de Queiroz é de que, com o controle inflacionário, o Banco Central relaxe a política monetária. “É provável que não aconteça no curto prazo, porém se adotasse uma postura mais flexível em relação ao controle inflacionário, no sentido de utilizar diferentes instrumentos para o controle da inflação, teríamos uma taxa de juros menor e uma inflação também controlada”, aponta. Assim, seria possível uma convergência de interesses entre famílias de menor e maior renda, ampliando a projeção do consumo, segundo o especialista. 
 

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02/02/2023 08:30h

Especialistas do Cepea/Esalq/USP e da Emater enumeram os principais motivos que provocaram o reajuste no preço do leite e derivados no final de 2022 e neste início de 2023

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O preço do leite e derivados continua pesando no bolso das famílias. Neste início de ano, os consumidores encontram o litro do produto por um custo entre R$ 5 e R$ 8, dependendo da região do país.

Se para o consumidor a alta não é uma boa notícia, para o produtor o horizonte também é instável. O aumento no preço comercializado pelo criador de gado impacta no preço e no consumo de toda a cadeia derivada do produto.

A pesquisadora Ana Paula Negri, da equipe do leite do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), esclarece que os novos preços comprometeram a oferta de derivados na média parcial de janeiro deste ano. Segundo ela, a muçarela e o leite em pó (400 gramas) foram negociados esta semana em São Paulo com altas de 2,8% e 1,8%, respectivamente. 

Ana Paula Negri revelou também que alguns colaboradores do Centro de Estudos da Esalq apontaram uma forte queda nos estoques do produto, tanto na indústria quanto nos canais de distribuição, em relação aos meses anteriores. 

“Isso se deve à limitação da oferta. De modo geral, os agentes de mercado analisam que a demanda ainda permanece no mesmo patamar, porque houve uma pequena reação no consumo, em virtude das festas de fim de ano, por exemplo”, esclareceu ela. “Não se pode dizer, no entanto, que haja um incremento consistente na demanda”, arrematou.

Impactos

A subida no preço do leite e derivados lácteos resulta de uma série de motivos. De acordo com o zootecnista Maximiliano Cardoso, coordenador de ruminantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), o criador de gado leiteiro ainda está cauteloso. “O mercado mundial é que rege os preços das comodities, como milho, soja e outros, que impactam o preço da ração e o custo do leite produzido”, explicou.

O zootecnista informou os principais motivos que levam toda a cadeia de produção leiteira a ser impactada pelo aumento no preço do produto. Alguns fatores fizeram melhorar a oferta, como a chegada do período de chuvas e o aumento da importação do leite. No entanto, apesar do aumento da oferta na quantidade do leite cru (comercializado pelos criadores de gado de leite), foi registrada uma alta no preço e as razões desse reajuste são diversas.

Principais causas

“Alguns produtos derivados do leite têm valor mais agregado, onde o consumo é mais um nicho de mercado, como alguns tipos de queijo e iogurtes”, detalhou Maxiliano. Ele observou, no entanto, que no final das contas toda a cadeia do leite é impactada.

“O produtor ainda está sentindo o reflexo do aumento dos insumos, tanto na parte de fertilizantes como na parte de rações, de concentrados à base de milho e soja e núcleo mineral vitamínico”. O zootecnista lembrou que hoje em dia é o mercado mundial que rege o preço do produto: “O impacto ainda é grande para o produtor, fazendo com que ele fique mais cauteloso em [fazer] novos investimentos e em ampliar o rebanho”, afirmou.
 

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